Cristiane Galega tem passagens por crimes como tráfico de drogas e roubo de veículos (Foto: Divulgação/Polícia Civil) |
Se envolver com prostituição nunca foi muito a da detenta Cristiane Klem de Oliveira, uma conquistense de 38 anos conhecida como Galega e que possui vasta ficha criminal relacionada ao tráfico de drogas e ao roubo de veículos no Sudoeste da Bahia.
Mas a exploração de mulheres para o sexo passou a ser algo que há mais de dois anos ela viu como mais uma fonte de renda dentro do Conjunto Penal de Jequié, onde as visitas íntimas passaram a ter caráter mercenário sob o agenciamento de Galega.
A denúncia de uma das garotas, após deixar a prisão, foi o começo do fim do esquema. Ela deu origem à Operação Bataclan, deflagrada no dia 22 de maio pela Polícia Civil, e que apura até mesmo tortura contra as custodiadas
Comando e facção
No presídio, a criminosa, que descende de família polonesa, comandava a ala feminina para a facção baiana TDO2, ligada, segundo a Polícia Civil, ao Primeiro Comando da Capital (PCC), organização criminosa paulista e a mais forte do Brasil.
Dentro da mesma unidade prisional, na ala masculina, estão criminosos da TDO2, um deles o líder da facção em Jequié, Sandro Santos Queiroz, conhecido como Real ou Doideira. As presas eram agenciadas para Sandro e outros membros da facção.
Além dos programas, pelos quais eram pagos de R$ 50 a R$ 100, a depender do que seria feito, Galega negociava para as presas a venda de drogas, celulares, chips, carregadores, roupas femininas íntimas e básicas, material de higiene e maquiagem.
Combinado pelo zap
O programa era combinado antes pelo celular, via aplicativo WhatsApp, e eles aconteciam durante as visitas externas, que ocorrem das 8h às 16h, às sextas e domingos, quando também podem ser feitas visitas íntimas.
Além das visitas de fora, como familiares, filhas e as próprias esposas, os detentos também podem se relacionar com as demais presas – o Conjunto Penal de Jequié tem 625 internos (capacidade para 416), sendo 586 homens e 39 mulheres.
Na unidade prisional, por não ter locais reservados para visitas íntimas, a direção prepara celas exclusivamente para este fim. Após vistoriadas, elas são disponibilizadas aos presos, responsáveis pela limpeza e isolamento com lençóis e toalhas.
“Não podemos colocar câmeras para investigar se está ocorrendo algo de errado nessas celas, como prostituição ou venda de drogas, por exemplo, então foi algo que pegou muita gente de surpresa”, disse o capitão PM João Henrique Rebouças da Cruz, diretor da unidade prisional e que está no cargo desde agosto.
Sob anonimato, contudo, um agente penitenciário declarou que “o esquema de prostituição ocorre não só de dentro, mas de fora do presídio, de mulher que vem para se prostituir. Para coibir isso aí é difícil”.