No povoado Taguá, que faz parte do município de Cotegipe, no oeste da Bahia, moradores ribeirinhos pedem socorro ao céu. Com poucas chuvas, eles cantam em cortejo pelas ruas com a expectativa de que o Rio Grande resista à seca. É uma espécie de ritual.
Quase quatro mil ribeirinhos têm visto o nível da água atingir menos 10 centímetros de profundidade em alguns trechos. Quem cuida da medição do nível do rio é o seu Antônio Ferreira Costa. Ele aprendeu o ofício com a mãe há mais de 50 anos e conta que está triste.
“Eu tenho muito sentimento, porque do tempo que sou gente nunca vi o rio do jeito que está aí. Nós bebe dele [sic], nós toma banho dele [sic]. Se secar, nós vamos para onde?”
Até mesmo a navegação está difícil. Em alguns pontos, é possível tocar o fundo do rio com o remo, que tem apenas um metro. Os ribeirinhos contam com a fé para tentar salvar o Rio Grande. Entre cantorias e cortejos, pedem chuva.