A invasão da fazenda Igarashi ocorrida nesta quinta-feira, 02 de novembro, continua repercutindo intensamente. Mais de mil pessoas em caminhões, ônibus e carros particulares quebraram portões, botaram fogo em galpões, destruíram equipamentos agrícolas da fazenda localizada nas margens do Rio Arrojado na zona rural de Correntina.
Os 21 homens da Polícia do Cerrado tiveram que utilizar muita habilidade para convencer os manifestantes a abandonarem à fazenda já na parte da tarde. Os moradores dizem que o empreendimento agrícola é um dos responsáveis pela queda do nível do Rio Arrojado que cruza os municípios de Jaborandi e Correntina e é considerado um paraíso ecológico da região Oeste da Bahia.
Segundo os manifestantes ações como esta podem acontecer novamente caso os órgãos ambientais não tomem medidas para reduzir o número de pivôs centrais que estão sendo instalados na região. Os moradores querem que seja feito um profundo estudo sobre a capacidade de outorgas de água para fazendas nas cidades de Jaborandi e Correntina, entre outras. Para eles não existe critério na liberação das outorgas e o assunto é decidido em função da força política.
AINDA NÃO FORAM IDENTIFICADOS LÍDERES DO MOVIMENTO
A polícia informou que ainda não foram identificado líderes do movimento e que a investigação vem sendo feita pela Polícia Civil. De acordo com informações um vereador teria participado dos atos mas não como líder da manifestação. A Fazenda Igarashi ainda não entrou em operação e possui uma outorga de água (autorização para explorar) para irrigar uma área de 2.530 hectares com o volume de 180.203 metros cúbicos/dia. A autorização é para 32 pivôs de água superficial (retirada diretamente do Rio Arrojado).
SAIBA QUEM SÃO AS FAZENDAS IGARASHI
As Fazendas Igarashi fazem parte de conglomerado forte com origem no Paraná e possui fazendas em várias regiões do Brasil. Na Bahia, além do Oeste Baiano, o grupo está presente na Chapada Diamantina e é responsável pela produção de Batata, cenoura e alho , além de trabalhar também com pecuária.
Em Nota a Associação de Agricultores e Irrigantes da Bahia (Aiba) apoia toda manifestação de cunho ambiental, mas repudia veementemente ações violentas e atos de vandalismo e de depredação do patrimônio, seja ele público ou privado.
A Associação classifica o manifesto de extremista e sem embasamentos técnico-científico, onde os participantes atribuem a escassez hídrica exclusivamente à irrigação, desconsiderando fatores climáticos, o assoreamento dos rios e o próprio ciclo da natureza. A Aiba lembra que, para produzir alimentos, os agricultores irrigantes desempenham suas atividades dentro da lei e que são fiscalizados por órgãos ambientais, aptos a aplicarem penalidades caso sejam identificadas irregularidades.
No entanto, toda a captação é feita de maneira racional e eficiente, com auxílio de tecnologias que ajudam a diminuir o desperdício. Vale salientar que as chuvas previstas para os próximos dias devem regularizar o nível dos rios da região. Por fim, a entidade reitera que os produtores rurais da Bahia são os que mais preservam os recursos hídricos, bem como com todo o meio ambiente, não só porque dele tiram os seus sustentos, mas porque também se preocupam com a qualidade de vida.
ItapetingaNotícias com informações do Mural do Oeste